domingo, 31 de outubro de 2010

Próxima estação


O jeito como ela segurava a blusa dele ao descer do onibus era de se duvidar , era de ter certeza que o que ela segurava e temia fugia muito mais do alcance de suas maos. O jeito como ela sorria era muito mais intenso e profundo, tanto que o que não cabia mais dentro de si escorria por olhos e bocas. O jeito como ela prestava atençao em cada palavra que ele falava sem a menor importância de alguém escutar era o mesmo como toda mulher quando se entrega a um caminho sem placas, um caminho que ninguém sabe como chegar e muito menos o que fazer quando se perde. Não tem escolhas, já está lá totalmente perdida, sem volta. O jeito dela falar era diferente como qualquer outro seria, era de palavras pensadas, quase subentendidas para que ele nunca a deixasse sozinha , e ele nem escutava direito e nem fazia questão de ser ou não ser. Era preocupação em vão e ela sabia de tudo, mas o que fazer quando está perdida ? ela não sabia, já estava no caminho sem placas. Ela não era obsecada, só o queria para sempre, apenas.
O tipo de mulher que se deixa levar por qualquer coisa que te faça sorrir, o tipo de mulher que todo cara quando vê teme em tê-la : é amor demais , é fixaçao demais. Mau ela sabe que pessoas gostam é de menos sentimentos e menos olhos nos olhos.
Até que ponto se deve morrer, até que ponto se deve amar ? ela não sabia.
E morria e amava sem medidas, sem pontos finais.
O jeito dele de segurar sua blusa era quase que a deixando escapar cava vez mais. O seu jeito de sorrir era monótono e frio . O seu jeito com ela era normal que não faria diferença em tê-la ou não. Era tudo automático, sem prazeres . Ele a achava bonita, então era o suficiente.
Enquanto ela não tinha definições para ele . Ele era ele , sem resumos. Era It .
Todos que passavam na rua percebiam a sua preocupaçao com ele e também que para ele ela era quase invisível .
Ele era tanta dúvida para uma moça daquelas de tanta certeza nos olhos e na maneira com que tinha decidido em querer ele do seu lado, mesmo que fosse só em corpo e coração pulsando devagar, sendo que o dela quase saia pela boca . Ah, como eles eram antiteses em carne viva.
Ele prometeu que a amaria por completa , e por descuido quebrou seu coraçao em mil pedaços e dele não levou nenhum consigo . Foi embora e a deixou lá , tomando cuidado onde pisava para não se machucar com o seu próprio sofrimento em cacos , em pleno ponto de onibus.
Ela sabia que um dia ele iria embora , sabia que o vento que o trouxe de repente o tiraria fácil do mesmo jeito que chegou. Disso ela sabia , sem caminhos e placas para te avisar . Ela enxergava isso no seu olhar de quem se despede a cada piscada .


Mariana R.